segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Todo mundo usa a sacola da IKEA para lavar a roupa

 Realmente a feira aqui perto de casa acontece todos os fins de semanas pela manhã. Meus planos eram ter acordado cedo e ter ido ver e quem sabe comprar algumas coisas. Porém, a pessoa aqui tem uma certa dificuldade em acordar, mesmo quando ela programa o despertador (o qual sempre acaba sendo desligado). Portanto, perdi a hora nos dois dias. No sábado fui encontrar a Marcela, uma mineirinha (espero que vocês tenham lido com o sotaque mineiro, esta foi a minha intenção) que também veio pelo CsF para estudar arquitetura na UCL. Almoçamos e depois fomos até a Rue Neuve, que é onde tem um monte lojas (como a H&M e a C&A) pra encontrar (ou tentar) a galera Csf Bélgica (que é como eu estou a chamando a gente, hehehe). Acabamos não encontrando. Mas o nosso passeiozinho nos rendeu roupinhas que nos ajudarão a suportar o frio (polar ártico) que está por vir. Poisé, aqui está frio! (exceto quando você sai preparada, porque ai o sol resolve aparecer e faz um calor digno do Ceará (nos seus dias mais frios).
No domingo fui buscar a Terezinha e o Arthur lá na casa dela e fomos almoçar. Depois partimos para a Grand Place, para finalmente encontrar a galera CsF Bélgica (e um brasileiro que está trabalhando aqui em Bruxelas). Foi uma tarde muito descontraída, de muita conversa e assuntos polêmicos. Adorei conhecê-los!
Hoje fui à faculdade. Teve uma reunião/palestra para apresentar o programa do Master. Acho que não vou ter moleza aqui não. Descobri que tem uma outra CsF na Arquitetura, só que ela já está aqui há 6meses (veio por um “edital fantasma”, nas palavras dela). Depois eu e Marcela passamos no supermercado e compramos algumas coisinhas. Fizemos o almoço aqui (que ficou delicioso, tinha até arroz!). As 14h ela tinha uma reunião com a Christine, a coordenadora internacional. Quando terminou, tomamos o rumo da IKEA. E assim, lá estava eu pela terceira vez em uma semana (ô auxilio instalação pra render!). Toda vez que eu vou lá lembro (ou invento) alguma coisa que eu preciso. Cheguei em casa umas 7epouco e resolvi ir lavar roupa. Peguei minha sacola da IKEA, azul, com as minhas lindas roupas sujas e fui até a lavanderia aqui dá rua que fica aberta até as 22h. Cheguei lá tinha uma garota esperando as roupas delas serem lavadas, e reparei que ela tinha levado duas sacolas das IKEA. Logo depois, duas máquinas começaram a apitar, e um cara chegou com uma sacola de lá pra pegar as roupas. Enquanto um outro cara (que eu acho que era brasileiro) saia com suas roupas limpas e secas dentro de uma... sacola da IKEA. Ao olhar para a minha sacola, eu pensei, “Todo mundo usa a sacola da IKEA para lavar a roupa”.

Obs: Eu não ganhei nada da IKEA, mas eu não saberia contar essa história sem citá-la. Beijos

Finalizo este post com fotos do menu da cafeteria da faculdade.

(ô moça, me vê um sanduba Corbusier, s’il vous plaît. Merci!)


sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Primeiras impressões



Mais de uma semana que estou aqui em Bruxelas. Eu estou gostando muito daqui. Até agora as pessoas foram simpáticas. Vou tentar fazer o resumo de tudo, desde a saída de Fortaleza.
A manhã da terça dia 04 de setembro foi muito corrida. Tinha ido dormir tarde terminando de arrumar as mala (de última hora resolvi mudar toda a organização da mala grande, pois encuquei que tinha muito espaço entre as roupas e não ia caber mais nada) e acordei relativamente cedo, era umas 8horas, mas era necessário. Tinha que fechar a bendita mala. Depois de tudo arrumado, resolvi pesar a bagagem, pra ver se teria problema, porém estava por volta de 30/31kg, com a margem de erro de 1kg (que eu estipulei heheh) tava tranquilo.
Apesar do meu voo ser só as 14h, resolvi chegar no aero umas 11 e meia, pois queria passar na Anvisa e pegar o meu cartão de vacinação da febre amarela. Pode ser que eu nem vá precisar nesse um ano, mas num custa nada (já tinha pagado a vacina mesmo). Fui despachar a mala. Empacotei ela todinha, afinal, a minha mala é nova e eu bem sei como elas são tratadas pela galera que descarrega os aviões (eu VI, episódio do começo de julho desse ano, em Toulouse). Na pesagem, a minha mala apresentou exatamente 32kg, isso é que é saber fazer mala. Só a minha pequena que tava meio pesada, 9kg em vez de 8kg (sem o note), mas a mulher deixou passar.
Fiquei na praça de alimentação até umas 13h, quando entrei pra sala de embarque. Pensei que viajaria sozinha até Bruxelas, mas no meio do voo encontrei com a Luciana lá da sala e a Lia, também da Arquitetura. Quando desembarquei em Salvador, conheci a Larissa, que faz Oceonografia na UFC e tava indo pra Faro, Portugal, pelo CsF. Eu sei que no fim, ficou andando nós quatro. O voo atrasou e nós ganhamos um voucher de R$30,00 da TAP pra comprar um “lanche”. Posso dizer que meio que fizemos a festa. Juntamos os 30 de cada uma e compramos 4 sanduíches, mais de 1l de suco de laranja, e uma porção de mini acarajés (afinal estávamos na Bahia). Eu sei que o voo atrasou mais do que o previsto e decolamos em direção a Europa apenas as 21h. Fiquei separada das meninas no avião, pois já tinha marcado meu lugar e elas fizeram o check in delas juntas. Do meu lado viajou um rapaz de Brasília que tava indo para o Porto, Portugal, também pelo CsF. Acho que pelo menos uns 20% daquele voo era de gente vindo estudar aqui na Europa.
Ao desembarcar em Lisboa, tive a impressão que tinha chegado uns 3 voo internacionais ao mesmo tempo. A fila tava gigantesca. A mulher da TAP tava um estresse só, pois muita gente tava perigando perder a conexão caso demorasse muito na fila. Eu estava tranquila, pois a conexão inicial que deveria pegar eu já tinha perdido e já sabia disso desde Salvador. Com tenho passaporte francês, não precisei ficar na fila “big de grande”. Nem eu, nem a Luciana. Nós passamos pelo lado da imigração europeia e ficamos esperando a Lia do outro lado. Depois de uns 30 minutos ela apareceu. Como a conexão delas seria só a noite, resolveram dar um volta em Lisboa.
Eu não podia, pois o meu voo pra Bruxelas estava próximo. Comi alguma coisa e comprei o meu perfume (que tinha esquecido em Fortaleza, junto com o meu pente). Ao embarcar, descobri que tinha ganho um Upgrade e voei até aqui de classe executiva. Só assim mesmo.  Ao chegar ao aeroporto da capital belga, eu tomei um susto devido à lonjura da saída do avião até a esteira de bagagem. Por um momento pensei que nunca chegaria.

Rue Neufchatel, Saint Gilles
Por fim, encontrei a bendita esteira, peguei minha mala e sai. Peguei um taxi até o hotel onde ficaria por 5 dias. O Hotel Neufchatel, na Rua Neufchatel, é ótimo, bem aconchegante. As pessoas de lá são bem receptivas. O quarto que eu fiquei era grande. Só achei um pouco escuro. Cheguei, tomei um banho e sai pra comer alguma coisa. Foi quando me perdi pela primeira vez, procurando o Café Panisse. O problema maior de se orientar aqui é quando você está acostumando com ruas perpendiculares, como boa parte de Fortaleza. Por fim, achei. Comi uma salada (porque resolvi ser light, ou não). Voltei para o hotel. Mandei e-mail pra coordenadora da faculdade e fui dormir.
 Acordei na quinta-feira e não tinha resposta do e-mail da noite anterior, então resolvi meter as caras e ir até a faculdade e tentar falar com ela assim mesmo. Cheguei lá ela ia ter uma reunião, mas marcamos no mesmo dias as 17hrs. Dei mais umas voltas no bairro, almocei em algum lugar e voltei para o hotel. Na hora marcada estava lá na sala da coordenadora, e começamos a conversar sobre os assuntos da faculdade. Ela me entregou um monte de papel, entre eles a carta de inscrição, calendário de atividades, horários das cadeiras e instruções gerais.
Voltando para o hotel, comecei minha busca por moradia. Foi quando fiz os primeiros contatos com a Maria Helena e com a Stefanie, que são também CsFs. Na sexta liguei para vários números de uma lista que a Christine tinha me dado. Não consegui nada. No sábado, marquei de me encontrar com as meninas na Gare do Nord. Pela primeira vez teria que pegar o transporte público aqui de Bruxelas, pois até então só tinha andado a pé. Consegui chegar na gare, mas acabei não as encontrando. Voltei para o hotel. Pouco depois a Maria Helena manda uma mensagem dizendo que ia vir até Saint Gilles ver uma opção de quarto e me chamou para ir. Chaussée de Charleroi, 230, foi onde enfim conheci Nena e Stefanie. Quando chegamos, o dono estava fechando um quarto com uma garota lá, e só teria três quartos. Fiquei de fora, pois estavam procurando quarto pra Terezinha também. Elas fecharam os três quartos. Depois fomos para um bar e enchemos a cara. Mentira. Ficamos conversando lá. É impressionante a quantidade de “não-belgas” que tem aqui. Por exemplo, o garçom do bar era português.

Moules do "Mer du Nord"
No domingo as meninas iam se mudar e eu consegui uma visita. Acabei fechando o quarto. Achei um pouco caro, mas acho que vale. Por enquanto estou morando só, no terceiro andar da casa de um casal de marroquinos. O meu quarto é grande, a sala é junto da cozinha e logo depois tem o banheiro (vaso sanitário separado do chuveiro e não tem pia, que é dentro dos quartos, uma mini pia por sinal, o que as vezes me irrita, mas nada que eu não possa superar). Na segunda sai do Neufchatel e vim pra Rue d’Andenne, próximo ao Parvis de Saint Gilles, que será meu endereço pelos próximos 11 meses.

 Ainda na segunda, comprei um colchão e travesseiro numa loja aqui do lado. Depois fomos até o centro procurar onde comprar lençóis, toalhas e coisas de casa. Acabamos indo até a IKEA, em Anderlecht. Comprei lençóis luva (pra quem não sabe, lençol luva é aquele que tem elástico), uma colcha, umas caixinhas organizadoras, cruzetas, talheres, copos, um cesto de lixo para o meu quarto, uma luminária,... saímos com sacolas cheias!
Aceita uma xícara de café?
Sendo gorda em Bruxelas
Na terça fizemos compras e fomos buscar a Terezinha e o Arthur na Gare Centrale. Ô complicação é marcar coisa em “gares”, eu hein! Quase não os encontrávamos. Na quarta, voltamos na Ikea pra comprar mais coisas. Na quinta, eu e Terezinha fomos até o centro ver uma loja de eletrônicos, pois ela queria comprar uma câmera. Teríamos comprado roupas também, mas demoramos muito lá. Na volta compramos morangos e umas frutinhas que eu acho que eram amoras (não sei reconhecer “frutinhas de frio”). Logo depois passamos por um lugar que vendia waffers! Na resistimos a nossa “gordice” e compramos uma “barquete”, que vem um waffer, com calda de chocolate, morangos e um monte de chantilly! (estava muito bom, viu galera). Hoje, sexta feira, fiquei só morgando em casa. Com esse frio, dá nem vontade de sair. Amanhã é dia de feira aqui perto, pelo menos foi o que me disseram. Acho que vou acordar cedo e ver qual é.

segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Agora Vai...


Aliás, agora EU vou! Bruxelas, sua linda, me aguarde! Brincadeiras a parte, hoje o dia foi muito corrido. Passei na casa de câmbio, no apartamento, na faculdade, na xérox, no consulado e no aeroporto. UFA! Parece que tudo tá dando certo. Peguei meu passaporte francês, depois de algumas ligações e de muita adrenalina. O meu medo era que ele não chegasse e eu tivesse que remarcar a passagem.  Já fiz o check in e marquei os lugares nos aviões.

domingo, 2 de setembro de 2012

Primeiro Post





Como atravessar o Atlântico


 Meu nome é Sabine Ramos Cabasson, tenho 21 anos e sou estudante do curso de  Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal do Ceará e estou indo fazer intercâmbio na Bélgica.
Posso dizer que essa história começou na época em que fiz o vestibular da UFC e o concurso para a Casa de Cultura Francesa, e comecei a estudar francês paralelamente ao curso de graduação. A língua francesa esteve presente na minha vida desde cedo, pois o meu pai é francês e dessa forma, apesar de não saber me expressar nesta língua, sempre a compreendi muito bem, estimulando o meu fascínio por ela e a vontade de aprendê-la.
A ideia de fazer um período de estudo no exterior sempre esteve em meus planos e logo nos primeiros semestres da faculdade fui me informando sobre os programas desenvolvidos na própria universidade. Pesquisando, descobri o Brafitec, mas na época não tinha convênios para o meu curso. Fui aconselhada por uma professora a esperar mais alguns semestres antes de procurar um intercâmbio. (eu estava no terceiro semestre)
De janeiro de 2011 a janeiro de 2012 eu estagiei com os arquitetos e engenheiros do Banco Brasil e passei um ano aprendendo a resolver agências dos mais variados tipos. Poderia ter ficado mais tempo lá, porém pretendia focar minha atenção em um objetivo que há muito tempo eu almejava: o intercâmbio.
Em dezembro de 2011, incentivada por amigos do curso de Francês, me inscrevi para uma bolsa de estudo para a França do então desconhecido e pouco divulgado “Ciências sem Fronteiras”. O problema foi que era necessário um teste de proficiência na língua francesa, o que teria sido simples se não fosse a distância a qual eu me encontrava do Brasil. Aproveitando as minhas férias do estágio e da faculdade, programei uma viagem de vinte dias para a França, durante a qual pude aprender um pouco mais de Francês e na qual pude estabelecer relações com a família do meu pai.
Voltando para o Brasil, realizei o teste de proficiência e obtive o resultado esperado, mas como tinha feito a prova após a data limite estabelecida em edital, tive a minha inscrição indeferida. Tentei uma bolsa para o Brafitec (pois é, agora tem bolsas pra Arquitetura também), porém não consegui. Foi quando abriu novas chamadas do CsF, entre elas a da Bélgica e, novamente, incentivada por amigos (os mesmos da outra vez) me candidatei, novamente, a uma bolsa do CsF. Dessa vez com um pouco mais de experiência (e com o teste em mãos \o/).
Primeiramente, submete-se a aprovação da universidade. Fui homologada sem problemas, já que preenchia aos critérios estabelecidos. Aguardei a resposta do CNPQ, responsável por esse edital. Novamente, passei de fase e foi pedido que eu preenchesse um formulário no site do parceiro, o CIUF. Tive que escolher três universidades para me candidatar, escolhendo-as por ordem de prioridade. Foi pedido também que fosse feito um plano de estudo. Depois de mais ou menos três semanas, recebi o e-mail da minha primeira opção, a Université Catholique de Louvain, informando que eu tinha sido aceita para o ano acadêmico 2012-2013. Lembro que não estava esperando este e-mail e dei um grito. Ainda bem que estava apenas eu e uma amiga na sala. Ela tomou um susto! Depois disso, foi só esperar o resultado da concessão da bolsa pelo CNPQ, que saiu em meados de julho (depois de uns 3 ou 4 adiamentos) e meu nomezinho lindo estava na lista divulgada. Fiz todos os passos para a concessão da bolsa, (cadastro de conta bancária, procurações, termos de compromisso etc). Nessa época, estava novamente na França, curtindo as férias com a família. Ao retornar ao Brasil, começou a loucura para preparar tudo para a viagem.
A novela começou mesmo quando eu descobri que a carta de aceite que a UCL me mandou, não serviria para tirar o visto. Eu tinha ainda que mandar o portifólio e o comprovante do seguro para eles. Foi ai que chegou na minha casa o tal documento que eu esperava pra poder tirar o passaporte francês. Entrei em contato com a embaixada da França em Brasília e fui orientada a ir até lá. No mesmo dia comprei passagens (primeira facada do CsF), fui, falei com quem devia falar e fiz os procedimentos para o passaporte (fiz até uma carteirinha consular).
Nas duas semanas seguintes eu não parei. Fui pras despedidas da galera que está na Holanda, terminei meu portifólio, contratei o seguro, comprei as passagens para Bruxelas, enviei documentos para a universidade, pesquisei o preço do Euro, descobri que não sei pesquisar e perdi mais Euros do que eu planejava, fiz minha despedida, arrumei a mala, comprei coisinhas pra levar, reservei hospedagem pra primeira semana, pesquisei onde morar, terminei o PA5 (conhecido como o “Projeto Infinito”), devolvi livros na biblioteca...
Agora, que já entreguei o projeto, estou me sentindo mais leve (que clichê, mas tô nem ai). Mas ainda resta uma tensão, pois ainda não peguei o meu passaporte no consulado honorário. Ele deve ter chegado na sexta-feira, então amanhã eu estou lá pra pegá-lo.
Encerro este primeiro post por aqui. Eu sei que são muitas informações, mas tinha que ser assim, para que todas as coisas que eu queria dizer fossem ditas.

Até mais.